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A Páscoa do Senhor, esperança da nossa peregrinação terrestre

*por Pe. Luciano Guedes da Silva
Pároco de Cuité.

Irmãos e irmãs, queridos fiéis, filhos e filhas de Deus.

É chegada a Páscoa do Senhor,
Celebramos em nossa fé a vitória do Cristo Senhor sobre a morte. Ao longo da história humana, muitos quiseram compreender a “ressurreição” pelas evidências físicas e materiais. Hoje, também, na cultura moderna marcada pela experimentação, nossos contemporâneos mais exigentes, querem provas da imortalidade, inaugurada pelo novo adão, Cristo, nosso Deus.
Ora, a fé, embora inteligível e racional, é, sobretudo, a experiência do “crer, do esperar”. Uma fé que tudo explicasse, deixaria de ser fé, seria manipulação de resultados, seria o homem absoluto, aqui mesmo na história terrena.
No Novo Testamento, a Carta aos Hebreus afirma: “A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, pela fé compreendemos que o universo foi organizado por uma palavra de Deus, de sorte que as coisas visíveis provêm daquilo que não vê” (Hb 11, 1.3) E ainda recorda: “Temos, pois, a ousadia de entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo caminho novo e vivo, que ele inaugurou para nós, passando através da cortina, quer dizer, através da humanidade”. (Hb 10, 19-20)
Santo Agostinho, célebre escritor cristão do século V afirma em seus sermões: “Agora caminhais pela fé, vivendo neste corpo mortal como peregrinos longe do Senhor. Mas o vosso caminho seguro é aquele mesmo para quem vos dirigis, Jesus Cristo, que se fez homem por amor de nós. Para os seus fiéis ele preparou um grande tesouro de felicidade, que há de revelar e dar abundantemente a todos os que nele esperam, quando recebermos na realidade aquilo que recebemos agora só na esperança”.
Portanto meus irmãos, a fé na ressurreição tem fundamento na Páscoa de Cristo, na sua vida doada, sacrificada e glorificada em Deus. Deste evento novo e irrepetível, a Igreja vive e se alimenta, na celebração dos sacramentos, especialmente na eucaristia, memorial e presença operante do Senhor em nós.
Somos mesmos estes “peregrinos”, “exilados”, “saudosos do paraíso” a caminho da plenitude. Por mais que busquemos respostas para a felicidade do homem, elas escapam à nossa compreensão, porque o humano não está programado para um roteiro previsível e seguro, mas é esta realidade misteriosa e aberta, infinitamente sedento de significados para a vida.
A riqueza que a Igreja guarda e partilha, sob os véus do sacramento, é esta solene proclamação, proferida com júbilo na noite santa da Páscoa: “Cristo ressuscitou, verdadeiramente ressuscitou, Ele vive para sempre!”
Desta alegria vive o cristão, desta esperança nutre-se o crente. Não caminhamos, iludidos com os prazeres imediatos, porque sabemos que somente Cristo nos sacia de toda fome de vida, de realização, de segurança e de paz.
Com estas convicções expressas, eu quero me unir ao seu desejo de celebrar também em sua vida a “passagem do Senhor”. Que sua Páscoa, traga-lhe motivos para erguer seus olhos cada dia, para você recordar-se que os espinhos da caminhada não são a última palavra, mas sim meios para sua vitória.
Quem caminha na luz da ressurreição, sempre ver mais e melhor, porque enxerga as realidades de modo profundo, sabe que as limitações e angústias de agora são provisórias, sabe que existimos para sermos completos, não por nossos próprios méritos, mas pela graça de Deus que nos redimiu em Jesus Cristo, verdadeiro Homem, verdadeiro Deus, nosso mediador Eterno.
Desejo a você, luz, saúde e principalmente fé, enquanto peregrinamos aqui no Senhor, transformando cada dia este mundo com a luz de Deus.
Abençoada Páscoa!

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