Os nove governadores da região Nordeste, que estão reunidos com a presidente Dilma Rousseff, não tiveram acesso aos jornalistas que aguardam com ansiedade o fim da reunião em uma sala específica no Palácio Museu, em Aracaju, em um espaço reservado pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República para distanciar a imprensa dos governantes. Nem os repórteres fotográficos e cinegrafistas tiveram acesso à reunião.
Com dificuldades, os jornalistas conseguiram se comunicar com assessores de alguns governadores e conseguiram registrar a expectativa deles em torno da reunião com a presidente. Apesar da expectativa, os governadores demonstram confiança na sensibilidade da presidente Dilma Rousseff para atender pleitos dos Estados.
O governador Ricardo Coutinho, da Paraíba, informou que 143 municípios paraibanos estão sofrendo com os efeitos da seca. O governador explicou que solicitará à presidente a antecipação do reajuste do preço mínimo do sisal, custeio para contratação de máquinas para construir e recuperar açudes e ainda aumento de R$ 0,10 para o preço do leite do programa social de forma a estimular pequenos e médios produtores rurais da região.
O governador do Piauí, Wilson Martins, informou que as reivindicações do Estado já tinham sido discutidas com a Defesa Civil Nacional, uma vez que 83 municípios piauienses tinham decretado estado de emergência devido à seca. O governador revelou que faz um apelo à presidente quanto ao abastecimento de água humano e animal e suporte para projetos produtivos que possam gerar emprego e renda. “No século passado, tivemos a estiagem em 32, tivemos outra em 1970 e outra com registro em 83 e agora esta é a mais grave de todas”, comparou o governador.
Ele revelou que em regiões no Piauí que costuma chover entre 600 a 1 mil mm por ano, este ano choveu menos de 100 mm. “Não há suporte para abastecimento de água dos reservatórios e temos cidades abastecidas com carro pipa, além disso não há pastagem. 67% dos municípios estão sofrendo com a seca, os animais estão sendo vendidos com um agravante porque até as fêmeas estão sendo vendidas”, lamentou. Ele informou que o período chuvoso naquele Estado se estende entre os meses de janeiro a março. “E este período já passou, não há mais perspectiva de chuva e a situação é de extrema gravidade”, considerou o governador.
O governador Jacques Vagner, da Bahia, informou que a população baiana também enfrenta um forte período de estiagem. Ele classifica esta como a seca mais grave dos últimos 40 anos. “O grau de escassez de chuva é muito violento, estamos com perda de animais, perda de safra de café, milho, feijão”, considerou o governador baiano. “Já recebemos o primeiro aporte de capital, mas vamos apresentar aqui mais projetos de obras estruturantes, que são pequenos sistema de água ou grandes adutoras, instalação de poços artesianos, remissão de dívidas para um outro momento já que todo mundo perdeu a safra”, considerou Vagner.
A governadora Rosalba Ciarlini informou que mais de 70 cidades do Estado do Rio Grande do Norte estão sendo abastecidas com carros pipa, mas 139 decretaram estado de emergência devido à estiagem. “É necessário ampliar oferta de água, criar bolsa específica para que as pessoas tenham segurança alimentar e obras que combatam os efeitos da seca”, ressaltou a governadora. “São necessárias obras que movimentem a economia da região, financiamento rápido, fácil e disponível nos bancos oficiais e que as dívidas de custeio sejam prorrogadas”, considerou.
A governadora também defende a liberação imediata do seguro safra para garantir a sobrevivência daqueles que apostaram nas chuvas e ficaram frustrados com a safra. “Recebemos a garantia de liberação de recursos de R$ 15 milhões, mas não são suficientes se a seca se prolongar”, considerou, ao defender a criação de uma bolsa da estiagem para amparar as famílias vítimas da estiagem.
Os governadores entraram no salão de reuniões esperançosos. “Tive com a presidente na semana passada e ela demonstrou total interesse e vontade para conversar e ouvir para encontrar a melhor forma para solucionar os problemas da seca, que está nos preocupando e talvez seja a mais grave dos 30 anos”, considerou a governadora do Rio Grande do Norte.
Cidade Verde
0 Comentários